A deputada comenta que a unificação das forças de centro-esquerda no Congresso Nacional, apesar de algumas dissidências, conseguiu evitar prejuízos maiores à sociedade com a “reforma” da Previdência aprovada em primeiro turno na Câmara. “Com isso, reduzimos danos e tiramos o coração da reforma, que era a capitalização, o principal objetivo de Paulo Guedes. Até mesmo parte do centro não aceitou danos como alterações no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e aposentadoria rural.” Na opinião de Jandira, com exceção dos bancos, ninguém ganha com o texto aprovado.
Ela lembra que o atual modelo da Previdência foi atacado “com mentiras”, principalmente a de que a reforma é necessária porque a Previdência é deficitária. “É mentira que era deficitária. Foi superavitária até 2015. Por que passou a deficitária depois? Porque a economia parou”, diz.
Para o segundo turno, a comunista acredita que as mobilizações de movimentos sociais e centrais sindicais possam sensibilizar parlamentares para tentar minimizar ainda mais os efeitos antissociais da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019. Com a reforma da Previdência, acrescentou, “vão jogar os idosos pobres nas ruas de novo”. Na primeira votação, os deputados aprovaram o texto-base da reforma por 379 votos a 131.
Na entrevista, Jandira defende a instalação da CPMI das fake news, “ilegais, criminosas, que foram financiadas como muito dinheiro para (Bolsonaro) ganhar a eleição”. Até agora, o presidente da República “não apresentou nenhuma política para combater o desemprego”, que atinge mais de 13 milhões de brasileiros. Perguntada por Kfouri se poderia haver crime de responsabilidade em alguma atitude do chefe do Executivo, ela afirma que é justamente a CPMI que poderia apontar essa possibilidade.
Sergio Moro
Para Jandira, não adianta o atual ministro da Justiça, Sergio Moro, ou o procurador Deltan Dallagnol, falarem para prestar esclarecimentos no Congresso Nacional sobre o material divulgado pelo Intercept Brasil. Ela avalia que Moro não responde as questões ou responde com “quatro mantras” recorrentes. O ex-juiz diz que o material divulgado é fruto de crime, é um ataque à Lava Jato, afirma não reconhecer a autenticidade das mensagens ou repete: “Eu não lembro”. Moro, acrescenta ela, aceitou o cargo de ministro de Bolsonaro “e cometeu crimes, em nome do combate à corrupção”. “Eu não chamo (as revelações do Intercept) de vazamento, chamo de divulgação.”
Como tem repetido, a deputada destacou que o processo desencadeado pela Operação Lava Jato que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão “não é uma questão só do Lula, mas da democracia”. Quanto à influência do encarceramento do petista nas eleições, ela destaca: “Lula foi abduzido do processo eleitoral”.
Embora o objetivo alegado da operação seja combater a corrupção, “não se fala da corrupção do mercado”. “O que se arrecadou com a Lava Jato não chega nem perto dos prejuízos gigantescos causados à economia brasileira.” Ainda sobre o sistema judiciário, ela também defende que seja adotado outro critério na indicação de ministros do Supremo Tribunal Federal. “Não pode ser indicação do Executivo.”
Juca Kfouri quis saber de Jandira o que é ser comunista. “Atuar pelo bem comum, pela liberdade e pelos que menos têm”, responde a deputada.
Participam do Entre Vistas o ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e ex-deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino e a jornalista Joanne Mota. O programa será exibido pela TVT, no canal aberto digital 44.1 na Grande São Paulo, no YouTube e na RBA, a partir das 22h desta quinta.
Publicado por Eduardo Maretti, da RBA