– Nós, irmãos maçons, nos reunimos em Loja, para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros. Para glorificar a Verdade e a Justiça. Para promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade, levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao Vício.
(Adaptado de um Ritual da Maçonaria)
O tema deste trabalho não é para ser tratado somente entre os Maçons dentro da Loja, mas conjuntamente com a família, pois diz respeito a todos e à sociedade em geral, da qual todos nós fazemos parte e somos ao mesmo tempo sujeitos e objeto.
O Iluminismo ajudou na passagem de um mundo medieval e absolutista para o mundo moderno, balizado pelos ideais da República, sintetizados na aclamação Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Deixamos de ser súditos e passamos a ser cidadãos, com direitos e deveres perante à lei, e não mais perante às autoridades do soberano ou da Igreja.
Os governantes não são mais representantes de Deus na terra, mas escolhidos pelo voto popular. O poder deixou de ser algo divino e passou a emanar do povo (pelo menos teoricamente).
A luta contra a escravidão, os preconceitos raciais e religiosos; a busca pela igualdade de direitos entre homens e mulheres; a defesa do Estado laico, um Estado voltado para os interesses do conjunto da população, independente de crença, tudo isso fez com que alguns aspectos da vida deixassem a esfera pública para se restringirem a temas restritos à nossa esfera pessoal e familiar. Esse talvez seja o maior legado dos enciclopedistas. Esses avanços, aos poucos, foram se espalhando pela sociedade ocidental, e novos direitos, buscando sempre a igualdade entre os seres humanos, foram sendo conquistados.
Para que essa sempre almejada igualdade de direitos e tratamento seja alcançada é necessário que tabus sejam quebrados e antigos paradigmas ultrapassados, a fim de que dessa reformulação surja finalmente uma sociedade mais justa e igualitária, ideal supremo da Ordem Maçônica.
Nesse contexto, ou seja, com a crescente preocupação pela busca da igualdade, setores da sociedade antes relegados ao ostracismo social, à marginalização e ao desprezo buscam também reconhecimento e respeito.
Homofobia é um termo que de alguns anos para cá passou a ser de uso mais comum. Trata-se de um neologismo criado em 1971 pelo psicólogo George Weinberg, combinando as palavras homo, pseudoprefixo de homossexual e fobia, do grego, “medo”, “aversão irreprimível”.
Fobia seria assim um medo irracional (instintivo) de algo. Entretanto, neste neologismo ‘fobia’ é empregado, não só como medo geral (irracional ou não), mas também como ódio ou repulsão em geral, qualquer que seja o motivo. Como comportamento, a homofobia é uma série de atitudes e sentimentos negativos em relação a pessoas homossexuais, bissexuais, transgêneros, etc.
As definições para o termo referem-se geralmente a antipatia, desprezo, preconceito, aversão e medo irracional. A homofobia é observada como um comportamento crítico e hostil, bem como a discriminação e a violência com base na percepção de que todo tipo de orientação sexual não-heterossexual é negativa.
Tem sido lenta a evolução do combate ao preconceito homofóbico, combate este iniciado praticamente apenas a partir da década de 70 do século passado.
A ativista e líder dos direitos civis norte-americana, Coretta Scott King, numa palestra em 1988, comparou a homofobia ao racismo, ao antissemitismo e a outras formas de intolerância na medida em que nega a um grande grupo de pessoas sua humanidade, dignidade e personalidade.
Em 1991, a Anistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homossexuais uma violação aos direitos humanos.
Em maio de 2011, em referência ao Dia Internacional contra a Homofobia, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, declarou: “[…] Em última análise, a homofobia e a transfobia não são diferentes do sexismo, da misoginia, do racismo ou da xenofobia. Mas enquanto essas últimas formas de preconceito são universalmente condenadas pelos governos, a homofobia e a transfobia são muitas vezes negligenciadas. A história nos mostra o terrível preço humano da discriminação e do preconceito. Ninguém tem o direito de tratar um grupo de pessoas como sendo de menor valor, menos merecedores ou menos dignos de respeito. […]”
Continuará…
Arthur Aveline (MI – RM – GOB-RS)